Proteínas
participam de praticamente todos os processos que ocorrem em uma célula
(enzimas, hormônios, anticorpos, transportadores, fibras musculares, penas,
venenos, etc.). São os produtos finais da expressão de genes. Suas subunidades
monoméricas são os aminoácidos (aa). Nos seres vivos são 20 os aa que formam as
proteínas.
Aminoácidos
A
estrutura geral de um aa é um Cα ligado a um grupo carboxil, amino, H e um
grupo R (Figura 1). A característica do grupos R é utilizada para a
classificação dos aa em categorias (Figura 2). Todos os aa possuem C quiral,
com exceção da glicina que possui como grupo R o Hidrogênio.
Figura
1.
Estrutura geral dos aminoácidos. O carbono em azul é denominado alfa. O grupo
da esquerda é amino e o COO- é o carboxil (Fonte: Nelson, Cox
e Lehninger 2006).
Figura
2.
Classificação de Nelson e Cox dos aminoácidos segundo as características dos
grupos R (Fonte: Nelson, Cox e Lehninger 2006).
Os aa formam várias combinações para compor as proteínas. Ligam-se por
meio da ligação peptídica. Essa ligação envolve reação entre o grupo amino de um
aa com o grupo carboxil de outro, ocorrendo a liberação de água. É rígida e
planar, pois possui caráter de ligação dupla devido a ressonância que ocorre
entre o Oxigênio e Nitrogênio presentes nos resíduos de aa (Figura 3a). Deste
modo, um polipeptídio pode ser considerado uma serie de planos rígidos e consecutivos
(Figura 3b), compartilhando pontos comuns de rotação no Cα (ângulos: Φ e Ψ).
Essa característica é importante, pois impõem restrições as conformações das
proteínas.
Figura 3. Características da
ligação peptídica. (a) Indica ressonância que ocorre entre Oxigênio o
Nitrogênio. (b) Planos formados devido a restrições impostas pela ligação
peptídica, onde se observa os ângulos de livre rotação (Fonte: Nelson, Cox e Lehninger 2006).
Os aa possuem dois possíveis estereoisômeros, sua nomenclatura é dada
pelo sistema de configuração absoluta (sistema D e L). Nos seres vivos os 20 aa
que compõem as proteínas são do tipo L, isso se deve aos sítios ativos das
enzimas que são assimétricos, ou seja, as reações catalisadas são estereoespecíficas.
Existem exceções de aa do tipo D compondo proteínas estruturais em parede
celular de bactérias. Além dos 20 aa, proteínas podem conter resíduos criados
por modificações de resíduos já incorporados, como o é o caso da cistina que é
formada pela ligação entre cisteínas (Figura 4).
Figura
4.
Cistina (Fonte: Nelson, Cox e Lehninger 2006).
Aminoácidos funcionam como bases e ácidos fracos. Essa característica se
deve a presença do grupo amino, carboxila e alguns grupos R ionizáveis. Apresentam
uma natureza dipolar e anfotérica (natureza dual base-ácido). Possuem curvas de titulação
características, funcionam como boas soluções tampões. Suas curvas de titulação
apresentam pKa e pI especificas (Figura 5).
Figura 5. A figura apresenta
a curva de titulação da glicina, demonstrando a natureza geral dos aminoácidos
(Fonte: Nelson, Cox e Lehninger 2006).
Polipeptídios e Proteínas
A
formação de polipeptídios e proteínas dar-se pela ligação em cadeia de vários
aa, variando de poucos a muitos. A diferença entre polipeptídios e proteínas é
a massa. A primeira possui massa inferior a 10.000 KDa e a segunda possui
massas maiores. Além disso, proteínas se arranjam em uma estrutura 3 D
funcional. Os menores peptídeos podem apresentar efeitos importantes. Funcionam
como hormônios, venenos e antibióticos. Possuem curvas de titulação especificas.
As proteínas podem ser constituídas por apenas uma cadeia
polipeptídica ou multi-subunidades (oligoméricas ou protômeros). Proteínas
formadas por apenas resíduos de aa são denominadas simples e as com grupos químicos
associados (grupos prostéticos) são chamadas de compostas (ex: liproteínas,
glicoproteínas, metaloproteínas).
Proteínas podem ser fracionadas por meio de varias
metodologias como salting out,
diálise, cromatografia em coluna (troca iônica, troca catiônica, exclusão por
tamanho, afinidade e líquida de alta eficiência). A concentração das proteínas
pode ser estimada por meio de sua ação ou por métodos de quantificação. Ainda,
sua massa e ponto isoelétrico podem ser definidos por eletroforese bidimensional.
Essas moléculas podem ser
classificadas em quatro níveis de estrutura (Figura 6). São elas: primaria (ligações
covalentes, principalmente a peptídica e dissulfeto), secundaria (arranjos de
aa particularmente estáveis), terciaria (dobramento tridimensional de
polipeptídios) e quaternária (quando possuem mais de uma subunidade).
Figura 6. Esquema geral
demonstrando as estruturas em que a proteínas estão organizadas (Fonte: Nelson, Cox e Lehninger 2006).
Estrutura primaria
A
estrutura primaria é bem informativa, pois a sequencia de aa determina o
enovelamento das proteínas. O número de resíduos de aa diferem em proteínas
distintas. Proteínas relacionadas possuem sequencias de aa semelhantes, tal
característica permite o estabelecimento do grau de relação entre essas
moléculas, como evoluíram, sua classificação em famílias (homologia). Doenças
genéticas tem sido relacionadas a produção de proteínas defeituosas por meio da
deleção ou substituição de alguns aa (Ex: anemia falciforme, distrofia
muscular).
A sequencia de aa de uma proteína pode ser definida por
algumas metodologias, tais como, espectrometria de massa, degradação de Edman
ou pela sequencia de nucleotídeos do gene que a codifica.
Estrutura Secundaria
A estrutura secundaria se refere a qualquer segmento de
uma cadeia polipeptídica e descreve o arranjo espacial de seus átomos na cadeia
principal, sem considerar a conformação de seus grupos R ou sua relação com
outros segmentos. As mais comuns são as hélices alfa e conformações beta.
Ainda, existem padrões não regulares denominados indefinidos ou espirais
aleatórias.
A
hélice alfa é a estrutura mais simples que uma cadeia polipeptídica pode
assumir de acordo com as características da ligação peptídica. Nela o esqueleto
polipeptídico é firmemente enrolado em torno de um eixo imaginário desenhado
longitudinalmente no centro da hélice com os grupos R projetando-se para fora
do esqueleto (Figura 7). Cada volta é formada de aproximadamente 3,6 resíduos
com conformação típica de: Φ = 57° e Ψ= -47°. A estrutura é estabilizada por
otimização das ligações de H (entre o N e o O). A estabilidade da estrutura é
afetada pela tendência de um resíduo aa formar hélice alfa, interação entre
grupos R (entre 3 a 4 resíduos de aa), o volume dos grupos R adjacentes,
ocorrência de grupos prolina e glicina e interação dos resíduos de aa da
extremidade.
Figura
7.
Estrutura da hélice alfa. As linhas
tracejadas indicam as pontes de Hidrogênio (Fonte: Nelson, Cox
e Lehninger 2006).
A conformação beta organiza as cadeias polipeptídicas em forma de folha.
É uma conformação mais estendida da cadeia polipeptídica em forma de
zigue-zague e podem se arranjar lado-a-lado (Figura 8). As ligações de H são
formadas entre segmentos adjacentes da cadeia polipeptídica (podendo ser
paralela ou antiparalela).
Figura
8.
Estrutura da conformação beta (folha beta).
As linhas tracejadas indicam as pontes de Hidrogênio (Fonte:http://blog.hardsups.com/mas-afinal-0-que-e-a-proteina).
Voltas
betas são comuns em proteínas, os aa assumem a forma de alça ou voltas. São
elementos conectores que ligam hélices alfa e conformações beta. Geralmente é
formada por 4 resíduos de aa (frequentemente Gly e Pro), o O do grupo carboxil
do 1° resíduo liga-se ao H do grupo amino do 4° resíduo de aa.
A
estrutura secundaria de uma proteína pode ser identificadas por dicroísmo
circular (CD). Essa técnica permite determinar se as proteínas estão dobradas
corretamente, estimar a fração da proteína que assume qualquer uma das
estruturas secundárias comuns e monitorar a transição entre os estados dobrados
e não dobrados.
Estrutura Terciaria e Quaternária
A
estrutura terciaria é o arranjo tridimensional total de todos os átomos de uma
proteína (Figura 9). É determinada pela sequencia de aa. A função da proteína
depende de sua conformação correta, possuindo pequeno numero de formas
estruturais estáveis. As forças mais importantes de estabilização da estrutura
são as interações fracas. Alguns padrões estruturais comuns podem ser
reconhecidos.
Figura 9. Estrutura terciaria
da Mioglobina de Cachalote. O grupo heme está mostrado em vermelho (Fonte: Nelson, Cox e Lehninger, 2006).
Algumas
proteínas contêm duas ou mais cadeias polipeptídicas (podem ser idênticas ou
não), o arranjo tridimensional dessas subunidades constitui a estrutura
quaternária. Distintas subunidades podem apresentar funções diferentes, mas
relacionadas (ex: catálise e regulação).
Considerando
esses níveis mais altos de estrutura as proteínas podem ser classificadas em
fibrosas ou Globulares. A primeira apresenta cadeias polipeptídicas arranjadas
em longos filamentos ou folhas, tais moléculas garantem suporte, forma e
proteção externa aos vertebrados. A segunda classe se refere a proteínas que
desempenham maior variedade de funções em sistemas biológicos, possuem cadeias
polipeptídicas dobradas em forma esférica ou globular, contém várias estruturas
secundarias (ex: enzimas e proteínas reguladoras).
Exemplos
comuns de proteínas fibrosas são as alfa queratinas. Tais proteínas são
formadas por hélices alfa enroladas umas nas outras. Essa estrutura é
denominada espiral supertorcida. Varias espirais são conectadas por meio de
ligações dissulfeto dando origem a estrutura quaternária (isso da força a
estrutura). Esses tipos de moléculas formam o cabelo, pele, unha, etc. Outro
exemplo comum é o colágeno, essas moléculas são formadas por hélice de
estrutura única com sentido anti-horário. Elas formam estruturas resistentes e
são encontradas em tecidos conectivos, cartilagens, etc.
A
diversidade estrutural reflete a diversidade funcional nas proteínas
globulares. Estão nessa categoria as Enzimas, proteínas transportadoras,
motoras, reguladoras, imunoglobulinas, entre outras. Geralmente são formadas
por diferentes cadeias polipeptídicas que se dobram umas sobre as outras,
gerando forma mais compacta do que em fibrosas. O dobramento garante à
diversidade estrutural necessária as essas proteínas para realização de diversas
funções.
Uma
proteína globular está dobrada de forma compacta, com aa hidrofóbicos
orientados para o interior. Em sua estrutura nativa as pontes de H e iônicas
são otimizadas. A estrutura tridimensional de uma proteína globular pode ser
considerada um conjunto de segmentos polipeptídicos em hélice alfa e folha
beta, existindo um padrão de estruturas, os domínios e os motivos. O motivo ou
estrutura supersecundaria é um padrão de dobramento identificável. O domínio é
uma parte da cadeia polipeptídica que é independentemente estável ou pode se
movimentar como uma entidade isolada em relação ao resto da proteína. Em geral
domínios diferentes possuem funções diferentes.
Os
bancos de dados de proteínas (ex: UniProt
e SCOP), oferecem muitas informações
que vêm revolucionando o entendimento sobre a estrutura das proteínas, relação
estrutura-função e rotas evolutivas de como as proteínas chegaram ao seu
estado-atual (semelhanças entre famílias). Motivos estruturais são mais
conservados que a sequencia de aa (também serve como classificação em famílias),
super família (pouco similaridade na sequencia de aa, mas utilizam os mesmos
motivos e em geral apresentam semelhanças funcionais).
A
estrutura tridimensional das proteínas pode ser decifrada pela aplicação de técnicas
como a difração de raios X, espectroscópio de ressonância magnética nuclear
(RMN) - essa técnica analisa macromoléculas em solução.
Estabilidade termodinâmica
Todas
as proteínas iniciam a sua existência no ribossomo com uma sequencia linear de
resíduos de aa. Para assumir suas conformações nativas, esse polipeptídio deve
se dobrar em uma estrutura considerada marginalmente estável. As estruturas
proteicas evoluíram para atuar em determinado ambiente celular, pequenas
mudanças no meio podem acarretar em mudanças grandes ou pequenas na estrutura.
A
desnaturação da proteína é a perda suficiente da estrutura tridimensional para
causar a perda da função. Pode ocorre devido ao calor (efeito sobre as ligações
fracas, principalmente de H), pHs extremos (alteram a carga liquida da
proteína, causando repulsão hidrostática e rompimento de algumas ligações de
H), solventes orgânicos (Ureia e detergentes atuam, principalmente, rompendo as
interações hidrofóbicas).
A renaturação
é a possibilidade que algumas proteínas possuem em voltar ao seu estado nativo
depois de uma desnaturação (possível graças a sequencia de aa). A renaturação
apenas com a sequencia de aa é verdade para algumas proteínas. Nesse processo
observa-se relação entre as interações fracas e ligações disulfeto corretas.
A
estabilidade termodinâmica não é igualmente distribuída na estrutura da
proteína. A molécula possui regiões de alta e baixa estabilidade. Essa
característica é importante para alterações conformacionais entre estados, isso
é essencial para o desempenho da função da proteína.
Algumas
proteínas dobram-se de forma assistida por meio de chaperonas moleculares. Tais
moléculas são proteínas que interagem com polipeptídios nascentes parcialmente
dobrados ou dobrados de forma incorreta, facilitando o mecanismo de dobramento
ou garantindo um microambiente adequado.
O
enovelamento errado causa ou contribui para o desenvolvimento de doenças
genéticas como Alzheimer, Huntington e Parkinson (coletivamente essas
enfermidades são denominadas amiloidoses). A proteína proveniente de um
enovelamento errado é secretada, sendo convertida em fibra amiloide insolúvel.
Enzimas
As
enzimas são proteínas mais notáveis e especializadas. São capazes de catalisar
reações químicas com eficiência e qualidade (acelerando as reações). Atuam em
soluções aquosas sob condições suaves de temperatura e pH, também possuem um
alto grau de especificidade para com os seus substratos. Estão no centro de
cada um dos processos bioquímicos (rotas metabólicas). Sua atividade excessiva
pode indicar enfermidades.
Com
exceção de algumas riboenzimas, todas as enzimas são proteínas. Sua atividade
depende da integridade de conformação. Diz-se holoenzima, a enzima completa, ou
seja, cataliticamente ativa junto as suas coenzimas (cofator ou grupo
metálico).
A
catálise enzimática é essencial para os organismos vivos, pois reações não
catalisadas tendem a ser lentas. As enzimas proporcionam um ambiente especifico
adequado para que uma dada reação ocorra, isso é possível graças aos “bolsos”
enzimáticos, ou sítios ativos. A molécula em que a enzima age é denominada
substrato.
A
energia de ativação é uma barreira energética para as reações químicas. Essa
característica é crucial para a vida, pois sem essas barreiras energéticas as
moléculas complexas poderiam reverter espontaneamente para formas moleculares
simples, logo os processos metabólicos das células não poderiam existir. As
enzimas desenvolveram-se para diminuir seletivamente as energias de ativação
das reações necessárias para a sobrevivência celular.
Por
conta de sua atividade fundamental em organismos vivos, sua atividade está
sobre controle. Os inibidores da atividade enzimática são moléculas que
interferem a catálise, diminuindo as reações enzimáticas. Há duas classes de
inibidores enzimáticos: os reversíveis e irreversíveis.
A inibição reversível
pode ser competitiva, não competitiva e mista (Figura 10). Na inibição
competitiva o inibidor compete com o substrato pela sitio ativo da enzima. A
inibição não competitiva a enzima apresenta sítios distintos para ligação ao
inibidor e substrato, o inibidor se liga quando o complexo enzima-substrato
está estabelecido. A inibição mista possui características das duas citadas
anteriormente, contudo a enzima só é capaz de se ligar ao substrato quando não
está ligado ao inibidor. No caso dos Inibidores irreversíveis ligam-se covalentemente
ou não com a enzima, também podem destruir seu grupo funcional.
Figura 10. Esquemas
demonstrando os tipos de inibições reversíveis (Nelson, Cox e Lehninger 2006).
Em
muitos sistemas multienzimáticos, as enzimas regulatórias são inibidas
especificamente por produto final da via exceder as necessidades celulares
(inibição por retroalimentação).
Ainda
existem as enzimas denominadas alostericas. Essas enzimas possuem conformações
induzíveis pela ligação de moduladores, permitindo converter a enzima em formas
mais ou menos ativas.
Síntese proteica
A síntese proteica segue
cinco estágios: ativação de precursores, iniciação, alongamento, término e
processamento pós-traducional.
Ativação de aa ocorre pela ligação com seus RNAt
específicos, garantindo ativação do grupamento carboxil. Isso facilita a formação
da ligação peptídica e a formação do elo entre a informação contida no RNAm e
os aa que ele codifica. A formação do complexo aa-RNAt requer ação da enzima
aminoacil RNAt-sintase.
A iniciação começa quando o RNAm se liga com a subunidade
menor do ribossomo e ao aa-RNAt iniciador. A subunidade maior liga-se para
formar o complexo de iniciação (requer energia, a mesmo é provido pro fatores
de iniciação que quebram GTP).
O alongamento do polipeptídio nascente ocorre pela adição
sucessiva de aa. Sua localização é determinada pelo pareamento dos códons do
RNAm com os anticódons do RNAt. O processo requer a participação de proteínas
citosólicas conhecidas como fatores de alongamento. O ribossomo possui sitio
ativo para formação da ligação peptídica, é dito que essa organela é uma grande
riboenzima.
O processo de terminação e reciclagem dos ribossomos é
sinalizado pelo códon de terminação. O polipeptídio é liberado do ribossomo com
auxilio de proteínas denominadas fatores de alongamento.
O processamento pós-traducional pode ocorrer antes ou
depois do dobramento da proteína. Acontece devido ao processamento enzimático,
remoção de um ou mais aminoácidos, adição de grupos (acetil, fosforil, metil, entre
outros grupos a certo resíduos de aa), ligação de oligossacarídeos e outros grupos
prostéticos.
A síntese de proteínas é inibida por muito antibióticos e
toxinas, quase todas as etapas de síntese podem ser inibidas por antibióticos.
Vídeo 1: Esquema geral de tradução (Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=iasEW_cwOGw,
publicado em 10/03/2012 por Diego Santana Marinho).
Ciclo da ureia
A degradação oxidativa
contribui significativamente para a produção de energia metabólica. Carnívoros
podem obter cerca de 90 % de suas necessidades energéticas a partir de aa.
Os aa sofrem degradação oxidativa em três circunstancias
metabólicas: durante a síntese e degradação normais de proteínas celulares,
dieta rica em proteínas ou quando os aa ingeridos excedem as necessidades do
organismo para a síntese proteica e durante o jejum (ou diabetes mellitus não
controlado).
Os aa perdem seu grupo amino para formar os
alfa-cetoácidos. Os esqueletos carbonados e o grupo alfa-amino são separados e
desviados para o metabolismo. Se os grupos alfa-aminos não forem reutilizados
para a síntese de novos aa ou outros produtos nitrogenados, são canalizados em
um único produto final de excreção.
Em animais terrestres o N amínicos são excretado na forma
de ureia. A amônia depositada nas mitocôndrias dos hepatócitos é convertida em
ureia pelo ciclo da ureia. A produção dessa molécula ocorre quase que
exclusivamente no fígado e carregada pelo sangue aos rins e excretada na urina.
O ciclo da ureia ocorre em dois compartimentos celulares:
citosol e mitocôndria. Está interconectado com o ciclo de Krebs, dando origem
ao que se conhece como biciclo ou bicicleta de Krebs. A via que une esses ciclos é denominada como
circuito aspartato-arginino-succinato. Une efetivamente os destinos dos grupos
amino e dos esqueletos carbônicos dos aa. Essa conexão reduz o custo energético
do ciclo da ureia, pois a conexão garante o ganho de 2,5 ATPs, enquanto o custo
de energia para o ciclo é de 3 ATPs.
Texto Base:
NELSON, David L.; COX,
Michael M. LEHNINGER. Princípios de Bioquímica. 4. ed. São Paulo: Sarvier,
2006. 1202 p. ISBN 8573781661 (enc.).
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